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ago
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Hustai a Kharkhorin

Acordamos de manhã no Hustai National Park, tomamos o café e corremos em direção a Kharkhorin a cerca de 250Km. No meio do caminho vemos uma imensidão verde de colinas bem delineadas e um contraste de cores marcantes. A terra parece fértil mas não se vê agricultura por aqui e a explicação é o frio intenso. Apesar de estarmos na mesma latitude de Genebra, existem duas cadeias de montanhas chamadas Altai e Khahngaj que canalizam os ventos fortes e gelados provenientes da Sibéria deixando o clima ainda mais frio que a Europa. Por isso vemos tantos nômades pastores de rebanhos e nenhum agricultor. No carro lembramos do voo maravilhoso que fizemos no dia anterior, com muito aproveitamento para a expedição pois foi possível a captação de algumas imagens aéreas. Depois do voo, ao entardecer, um perfume intenso de flores do campo pairava sobre o ar. Marco nos disse que aquele é o perfume característico das estepes e provém de uma planta chamada em italiano de Artemisia.

Estávamos revigorados pois a experiência de dormir em uma Ger no meio do deserto foi prazerosa demais e muito confortável. Por aqui existe uma música chamada omii. Consiste em uma vibração diferente das cordas vocais que produz um som em uma determinada freqüência capaz de percorrer uma distância longa nos desertos e assim o povo podia se comunicar melhor do que com assovios. Como é muito diferente e trêmulo os Franciscanos que vinham com a missão de evangelizar os Mongóis tornavam a casa apavorados e diziam que este povo eram demônios sobre a terra. Os europeus tinham medo deles e esse foi um ponto a favor nas conquistas de Genghis Khan. Chegamos ao local que devemos decolar e captar imagens, eu e o Benetti nos apressamos e preparamos os equipamentos. Decolamos em um grande campo com pequenas montanhas ao redor e sempre aquela imensidão de terra plana aos nossos pés… Lindo! Começamos a captar as imagens mas Raffaele se sente atraído em realizar algumas brincadeiras no ar. Pela estrada chega a tocar o teto do carro em movimento. Eu sigo concentrado mas eu perco em voo uma peça importante do suporte do equipamento e durante todo o voo tive que improvisar. Pousamos muitos kilômetros a frente em um horário que o ar já estava bastante turbulento. Tudo Ok, desmontamos os paramotores e nos dirigimos a Kharkhorin. O dia ainda nos reservava muitas surpresas.

Paramos em um posto de gasolina e vimos Marco e Raffaele que discutiam. Acho que Marco pretendia mais concentração no trabalho de Raffaele ao invés de jogos no ar. Os dois se estranham pra valer e o clima começa a pesar. Será que isso poderá afetar a continuidade da expedição? Espero que não! Continuamos nossa jornada e Marco decide parar no alto de uma colina onde tem um ponto religioso local para algumas fotos quando se aproxima um cavaleiro Mongol idoso, com seu 78 anos e os dois começam a conversar. Marco corre no carro e pega uma vasilha decorada com tabaco dentro e eles trocam um com o outro e os dois cheiram o produto. Depois Marco nos diz que quando dois homens se encontram no deserto eles trocam tabaco como forma de respeito. Foi show! Antes mesmo de chegarmos nos deparamos com um bando de camelos que pastavam tranquilamente próximo a estrada. Parada para fotos. Eram muitos camelos o que chamava a atenção até mesmo dos Mongóis que por ali passavam. Finalmente chegamos ao Ger Camp e ficamos sempre surpresos com cada local. Algumas mulheres veio com um carrinho de mão pegar nossas bagagens e nos acomodaram em nossa Ger. O lugar era fantástico para voar de paramotor e corremos para montar nossos equipamentos.

Voar todos os dias é muito bom. Marco nos recomendou uma área para captarmos imagens. Decolamos eu, Raffaele e Alessio. Decolagem tranqüila e voo também nos primeiros minutos mas de repente o vento apertou muito ficando forte e turbulento. A vela não avançava e chacoalhava demais. Decidi pousar e retornei ao local que decolei. Raffaele pousou mais distante pois não quis nem arriscar chegar ao local e Alessio pousou um pouco mais acima de mim. O bom daqui que tudo é pouso!!! Nos preparamos para o jantar que por sinal estava muito bom, no restaurante do Ger Camp. O serviço impecável! Pensei que fosse passar dificuldade na alimentação por aqui em vez disso voltarei com alguns Kgs a mais…. Todos nos reunimos na Ger Brasil (hehe) para análise das imagens do dia e ficamos muito satisfeitos com o resultado. Tenho dormido muito pouco e nesse dia em especial eu estava com uma dor de cabeça terrível. É melhor dormir pra ver se passa!

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